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Sobre todos esses infelizes finais

domingo, 10 de maio de 2020




Já perdi a conta de todos os filmes ou livros que me decepcionaram pelo final. Sinceramente, nunca me conformei em passar horas lendo aquele romance ou me prendendo àquele filme pra chegar aos últimos momentos e perceber que o personagem preferido vai morrer, a namorada dele vai embora, ele vai sofrer uma decepção, perder alguém querido ou coisa parecida.

 Sério, eu fiquei mesmo revoltada quando assisti a Antes que termine o dia. Por mais que a história tenha sido linda, a droga do cara morre!!! (me perdoem os spoilers a quem ainda não conhece), assim como em Cidade dos anjos, dentre vários outros filmes maravilhosos com finais totalmente infelizes no meu ponto de vista. Ontem por
exemplo assisti ao filme Lembranças e exatamente quando a vida do cara começa a dar certo, o pai passa a se importar  mais com ele e com a irmã mais nova e finalmente consegue ser feliz com a namorada, vem a morte e fim. Fui dormir tentando entender como um autor passa tanto tempo escrevendo uma história tão linda pra ser tão triste no final. A não ser que o papel dos filmes e livros seja pisar no nosso coração e  nos fazer derramar quantas lágrimas forem possíveis, não era justo!!

Foi aí que, finalmente, consegui enxergar o motivo: A arte imita a vida e a vida nem sempre é tão justa e nem sempre tem um final feliz, ela é apenas um conjunto de ciclos, que ninguém quer, mas que como todo ciclo, precisa acabar. Entendi, então, a minha revolta: quando a ficção se assemelha à realidade, ela nos decepciona, porque já estamos cansados de lidar todos os dias com tanta realidade infeliz (não que a vida real seja por regra infeliz, mas porque temos a mania de nos atermos com mais frequência à parte ''infeliz'' - aquela onde se encontram os obstáculos e que vai contra os nossos planos e desejos individuais. De fato a vida tem os dois - partes felizes e não tão felizes -, e quando ela chega ao final, não é só um final feliz ou triste,é o final dos dois,do conjunto de tristezas e felicidades, de um ciclo completo que, como tudo, chegou ao fim.

Foi assim que acho que, finalmente, entendi.....
***

P.s: Esse texto é da Jannifer de uns 15 ou 16 anos, que entendia muito pouco (ou quase nada) do mundo em que vivia e do sentido das coisas. A Jannifer dos 20 e poucos ainda não entende tanto, mas percebe o quanto foi importante entender essa história dos finais pra seguir em frente com todos os seus ciclos. O importante nunca foi realmente o fim, mas o trajeto e tudo aquilo que ele agregou - histórias, valores, amores, experiências... E no fim, o importante não é por quanto tempo dura, mas sim o que fica depois que terminou e o que podemos fazer com aquilo. Tem gente que faz arte, outros fazem bons sentimentos, alguns fazem tristeza e melancolia, outros fazem gratidão.


Eu demorei muito a entender e a aceitar a necessidade do fim dos ciclos, desde que perdi alguém repentina e inesperadamente, alguém de quem eu dependia pra ser quem eu era. Passei anos tentando buscar os motivos, culpando o mundo e todos os deuses, até compreender que, enfim, ela apenas tinha completado o seu ciclo, inclusive na minha vida. Levei muito tempo até compreender que ela não estava mais aqui, mas permanecia comigo e, com tudo que havia me ensinado, me ajudou a formar quem eu era, porque foi parte crucial no meu ciclo. Foi o fim do seu ciclo, um triste fim pra quem não entendia de fins como eu, mas um fim que cumpriu o seu papel.


Por muito tempo fiz tristeza, lágrimas, insatisfação e outras coisas indizíveis desse fim. Hoje faço saudade, mas também faço boas lembranças, felicidade, amor, admiração, cuidado e também muita gratidão por nossos ciclos terem se cruzado.

No final, não é o fim, mas o sentido que se fez em outras vidas.
Precisamos nos livrar da culpa e sermos livres para aceitar o fim dos ciclos, ainda que isso leve tempo.

À dona Terezinha Alecrim, obrigada por me fazer ser e, mesmo de longe, ter me ajudado a entender a vida!
Te amo sempre! <3

Em tempo, onde estiver, um feliz dia das mães!

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